Uma imagem muito me impressionou:
Noite de sábado de aleluia na comunidade Malhadinha/Catuti e as famílias vinham para a celebração da Ressurreição trazendo consigo o alimento que iriam compartilhar para que festejássemos a Ressurreição com uma janta comunitária.
Cada família que chegava trazia sua trouxinha de comida e colocava sobre a mesa a panela de alimentos enrolada e amarrada em panos.
Quanta simplicidade nessa atitude!!
As famílias chegavam compartilhando o que plantam, cuidam, colhem, armazenam, cozinham e comem no seu dia após dia.
Compartilhavam a vida na sua essência sem se preocupar com o feio ou o bonito. Sua maior preocupação era com o sabor. Queriam que as pessoas gostassem do que iam comer coletivamente.
Malhadinha celebrou a vida do Ressuscitado com arroz, feijões, abóboras, biscoitos de goma de mandioca e sucos da polpa do que armazenaram durante o ano.
Naquele momento, vendo a mesa cheia de pequenas trouxas de comida, senti a vida na sua intensidade, pedi perdão por tantas vezes valorizar o supérfluo e pelo pouco zelo que nas cidades temos pela água, pelos alimentos, pelo viver bem o tempo.
Me solidarizei como as crianças, as mamães e as pessoas mais idosas que no seu lamento sentiam a saudade dos filhos jovens que foram trabalhar nas cidades e ainda não voltaram.
Também me sensibilizei com adolescentes que desejam ficar com a família e para isso acontecer precisam criar novos jeitos de viver para poderem ali se manter.
Vendo a esperança e ouvindo os desafios, voltei da missão com o compromisso de contribuir para que esta juventude que lá vive, não perca o direito de sonhar em continuar vivendo na própria terra onde sua família está.
Foi lá. Nestas terras senti o quanto a vida pulsa em tudo: a terra, a água, o verde, os animais grandes e pequenos, as pessoas, tudo está em conexão. Tudo e todos se completam e Deus é vivido na presença e no cuidado que um tem do outro.
No silêncio destas terras longínquas me entreguei e vivi a força do Ressuscitado que se manifestou na partilha das farofas de feijão, das chuvas.
Aliás, graças às chuvas também as sementes que plantaram se romperão e vida nova vai nascer.
O coração daquela comunidade e o coração desta missionaria estão felizes, durante a separação geográfica sentimos que somos UM com ELE e com este povo de muita fé.
Gratidão imensa à Fraternidade Leiga Dominicana Santa Catarina de Sena por me permitir viver a Missão em Malhadinha.
Quero continuar bebendo nesta fonte onde a VIDA se manifesta em gestos de solidariedade, rezas, cantos, danças; onde a Fê no Ressuscitado se sobrepõe ao coelhinho e ao chocolate.
Ivone Maria Perassa – Missionária e Leiga da Fraternidade Dominicana, Membro da Pastoral do Povo de Rua/ Florianópolis – SC.
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